Acção ... Muita Acção

Pedem-me acção e acção terão. Gosto de desalinho mas quando é para seguir regras seguem-se regras. Pensando bem gosto do equilíbrio que os opostos me trazem. Satisfaz-me que já possa falar de amor. Juntemos então a semana passada com esta. De caminho juntemos ao amor a acção e vamos ver o que isto vai dar. …Perde-se na multidão que circula e ruma aquilo que prometemos não falar.Desce a Rua do Carmo apressada. Sente-se rejuvenescida numa tarde bem passada. Gosta de Lisboa mas para ser mais objectiva do que gosta mais é do cheiro a Lisboa. Enquanto caminha tem consciência que ao perder-se nos rostos dos outros se perdeu no tempo. Liga. Diz-se atrasada e diz que o quer. Derrete-se na resposta e sorri com aquele sorriso idiota de quem se sente apaixonado.

 

Soltam-se gemidos enquanto se sente prazer. Murmuram-se juras de amor sentidas. Entrega-se o corpo como se de sobrevivência se tratasse. Luta-se corpo a corpo e empata-se na vitória. Somos dois, somos um. Alterna-se entre risos e sorrisos. Desarrumam-se leitos e arrumam-se vontades. Fundem-se cheiros que se entranham na pele. Amam-se com desejo e Abraçam-se numa pausa sentida. Partilha-se numa cumplicidade indescritível e pede-se mais. Sempre mais. Despedem-se numa saudade antecipada.

 

 Fiquemos por aqui no que respeita a sensualidade. Não queremos censura erótica nem tão pouco impedimentos de escrita. Saboreemos o que foi escrito e esperemos pelos próximos capítulos. Acabe-se por momentos com o romantismo e avance-se com a acção que o número de palavras está-se a esgotar.

 

Não gosta quando a porta se fecha atrás de si. Dói quando o deixa. Os gestos saem automáticos enquanto entra no carro. Ainda sente os beijos dele nos lábios. Sente o toque na pele e sente ainda mais o cheiro. Pensa no quanto gosta do cheiro. O pensamento voa enquanto os lábios acompanham a musica que toca no rádio. Estaciona em frente a casa. Sorte ou simplesmente vontade? Não percebe o porquê de lhe perguntarem se não tem medo. O medo impede-nos de viver, pensa enquanto sai do carro.

 

O som dos gritos despertam-na do transe erótica em que se encontra. Olha para o fundo da rua e tenta vislumbrar o autor de tal aflição. Hesita entre um encolher de ombros e uma acção. Não demora muito tempo a decidir-se. O encolher de ombros só é válido na sua vida para o que não interessa. Pensando bem seria Incapaz de dormir sem tentar ajudar quem precisa. Ou então, morreria de curiosidade e imaginaria o maior número de cenários. Passaria semanas ou mesmo meses a pensar no mesmo. Agir tinha mesmo agir.

 

Entenda-se que este momento é literário. Necessário compor-se a história ou então rapidamente se acabariam as letras. Se estivessem a matar alguém, já teria dado tempo para se enterrar o corpo. Mas tenhamos calma porque há que defender primeiro a nossa menina, criar “suspense” e percebermos o que se está a passar.

 

Lembra-se do calhamaço de Sociologia que traz dentro da mala e associa-o a arma de arremesso. Procura rapidamente o estojo de unhas e mune-se de uma lima. Descalça as “andas” vermelhas que trás nos pés e avança ciente de que o perigo a espreita. Os gritos espaçam-se no tempo enquanto a ansiedade aumenta, Arrepende-se de não ter ficado em casa dele. Sorri ao lembrar-se que em vez de uma noite de acção podia ter uma noite de amor. Abana a cabeça e começa-se a achar meio “taradita”. O perigo espreita-a. Concentra-se no que realmente interessa. Avança encostada à parede. Lembra-se que vai ficar com a roupa suja e ainda olha com ar enjoado para as meias. Chega-se à esquina e quase não respira. Sente arrepios. Não sabe se do frio se do medo que os gritos lhe provocam. Agarra-se à lima que trás na mão e é quando sente uma pancada na cabeça. Sente o cheiro a perfume intenso e desmaia ..

 

 

História de ficção escrita por mim para a Fábrica de Histórias

publicado por Marta às 14:41