E porque sou mulher

 

Podia-vos falar de todas aquelas que decidiram seguir uma carreira e abdicaram de uma familia. Podia-vos falar das que não pensaram ter familia e hoje são mulheres de sucesso. Podia-vos falar das que se dedicam a ser mães a tempo inteiro e das que o são em part-time. Podia fazer uma vénia ás que se desdobram nos multiplos afazeres entre casa, familia e emprego. Podia abraçar aquelas que disseram um basta nesta ou naquela situção e decidiram mudar de rumo. Podia falar-vos das que se acomodam a diversas situações que considero mais ou menos normais. Podia reclamar contra ao facto de existirem poucas mulheres em determinados cargos, podia reclamar contra ainda existirem mulheres a serem despedidas só porque estão grávidas, podia reclamar contra o pagamento de salarios diferentes para funções iguais.


 

Podia descrever as que se cuidam, as que se maquilham, as que decidiram deixar de fumar e as que continuam a fazê-lo. Podia mencionar as que se divorciaram, as que se mantem casadas, as que nunca deixaram de ser solteiras e até aquelas que enviuvaram. Podia falar das que sorriem e das que choram, as que protegem e as que deviam ser protegidas, as que falam muito e as que nada falam, as que se conformam e as que protestam.


 

Podia mas não quero. Quero-vos apenas falar daquelas que um dia lutaram por aquilo que hoje nos permite optar sermos quem somos, das que lutaram para termos o que temos, das que se arriscaram por direitos iguais numa sociedade desigual, das que um dia decidiram ser mais do que objectos decorativos.


 

A elas um muito obrigada porque é por elas que hoje Nós Mulheres (na nossa grande maioria) podemos decidir quem queremos ser, que caminho seguir e com que queremos caminhar.

publicado por Marta às 00:10