Amor Fora de Prazo

 

 

Inconstante a forma com o te olhava ultimamente, oscilando entre o amor e o ódio, entre o altruísmo e a cobrança, entre o desejo e a vontade, agora que caí em mim posso até dizer que te olhava com olhos de amor e coração em ódio ou será que era ao contrário? Se fores sincero sabes que é verdade, posso até apostar que sentias o mesmo. Sei que um dia sentia ser tudo para ti e no outro sentia que era menos que nada. Outro acordava apaixonada e noutros não te podia sequer ouvir.

 

Esfumou-se o amor entre decisões precipitadas e indecisões confirmadas, esfumou-se o amor entre promessas quebradas e vontades desiludidas. Quebram-se segredos cobram-se desejos que se misturam entre o meu e o teu quando deveriam ter sido desde inicio nossos. Falhámos ambos num conceito quando deveríamos termos, apenas, vivido momentos.

 

Entre raivas sentidas e sonhos desfeitos questionam-se veracidades de sentimentos quando se deveriam questionar veracidade de vontades. Entre lágrimas que não se sabe provirem de rios de nuvens de sonhos se de raiva ou de vingança colocam-se dúvidas sobre a veracidade dos factos, duvida-se de se ter sentido ou mesmo de se ter vivido.

 

Pensam-nos vitimas um do outro quando afinal somos vítimas de nós próprios. Procuramos culpas exteriores quando devíamos procurar perdões interiores. Acusamo-nos mutuamente sem nunca assumirmos a nossa percentagem de amor mal confeccionado, de dúvidas exageradas ou mesmo de certezas que nunca o foram.  

 

De repente percebo que nos esquecemos de olhares cúmplices, toques furtivos, sussurros velados que rapidamente se transformaram em corações em palpitação, em palavras cheias de significados, em beijos únicos e abraços de conforto. Esquecemo-nos de momentos em que nos entrelaçámos e fomos um do outro ou mesmo um e outro. Esquecemos que um dia fomos com a preocupação que temos em pensar no que poderíamos vir a ser.

 

Perguntas-me “O que aconteceu ao nosso amor?” Eu limito-me a responder que “ Acredito que ficou fora de prazo”

 

 

Marta leal

(Texto de ficção - 31/08/2010)

 

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publicado por Marta às 10:56