Quinta-feira , 30 de Setembro DE 2010

Se a minha vida fosse um Livro

De repente pensei que se a minha vida fosse um livro não poderia ter um estilo muito definido. Penso que oscilaria ente o romance e o humor, entre o mistério e um qualquer diário de viagens, entre a bricolage e a psicologia entre o absurdo e o considerado racional. Agora que penso nisso nunca poderia ser um livro de receitas culinárias, a não ser que me decidisse por algo como “o que nunca tentar na cozinha” ou mesmo “tentativas frustradas de um jantar perfeito”.

 

A capa seria branca teria de ser branca. Gosto do preto das palavras numa página em branco. Gosto de sentir que tenho espaço de manobra que posso ocupar este ou aquele espaço sem me sentir sufocada. Nem sei porque me estou a justificar. Gosto de branco e pronto.

 

Por entre palavras poderíamos ler histórias de sucesso e de derrota, ilusões que se transformaram em desilusões e amores que se transformaram em desamores. Entre lágrimas iriam surgir risos que, mais tarde seriam transformados em gargalhadas. Lições mais ou menos aprendidas e acções mais ou menos reflectidas. Certezas de vida opondo-se a incertezas momentâneas. Escolhas erradas e escolhas acertadas. Vida sentida porque só assim faria sentido.

 

Personagens mais ou menos periódicas e outras apenas de momento. Agitações constantes e recuperações de fôlego inconscientes. Palavras como Filhos, mãe, pai, mulher, letras, família, amigos, amores, comida, gatos seriam usadas frequentemente em frases onde existisse preocupação, amor, carinho, vontade e cuidado. Páginas soltas e páginas que ninguém conseguiria arrancar. Páginas lidas e umas que nunca ninguém se atreveu a ler.

 

Páginas em branco e páginas com excesso de letras. Páginas onde o orgulho é evidente e outras onde não nos orgulhamos mas assumimos que estivemos e fizemos. Paginas amarelecidas pelo tempo onde as letras mal se lêem e páginas onde os acontecimentos se encontram tão vincados que serão possíveis de apagar. Erratas aqui e ali. Páginas inacabadas e frases soltas. Frases esborratadas por lágrimas e outras onde foram desenhados sorrisos.

 

Na dedicatória seriam nomeados os que me apoiaram, os que estiveram e que ficaram os que passaram e os que ainda hão-de vir. Seriam igualmente nomeados os que, sobretudo, me ouviram quando eu precisei de falar, os que me ofereceram bilhetes de incentivo para onde eu queria ir e os que nunca duvidaram de que conseguiria chegar. No final gostava de poder escrever que gosto de ser quem sou, de ir para onde vou e de estar onde estou.

 

No final gostava de poder dizer que melhor do que viver é podermos dizer que vivemos sem medo do que os outros possam dizer mas sobretudo, sem medo de nos assumirmos como nós somos. Prefiro que me critiquem pelo que sou do que especulem sobre o que possa ser.

 

Se a minha vida fosse um livro gostaria de algures escrever que vida que tem de ser vivida em segredo, não é vida .

publicado por Marta às 11:57
Segunda-feira , 27 de Setembro DE 2010

Noticias em Forma de Post

Hoje a 27 de Setembro de 2010 embora distante e um pouco ausente do que me rodeia, sei que lá por fora continuam guerras sem justificação, protestos justificados e liberdades cujos limites serão sempre questionados. Temos os que tem fome e os que esbanjam comida, temos os que imploram por atenção e os que se queixam por a terem em excesso. Temos os que choram, os que riem e os que nunca voltaram a sorrir. Temos os que vivem com tudo e os que nunca tiveram nada.

 

Lá por fora e cá dentro vivemos de contrastes morais e contrastes sociais, temos os que sonham e os que se divertem a destruí-los, temos os que vivem felizes com o que tem e os que nunca sentirão o verdadeiro valor das coisas. Temos os que se preocupam com um exterior quando o interior é que necessita de tratamento.

 

 Lá por fora e cá dentro temos apenas humanos com erros e acertos, certezas e incertezas, verdades absolutas e absolutismos independentemente da verdade.

 

Cá por casa já se derrubaram paredes e a casa até parece que cresceu, já se inventaram novos trabalhos e adaptaram projectos antigos. Continua-se a viver entre colchões e pilhas de livros, entre sapatos e chinelos. Continuasse a arrumar o que vai ficar “eternamente” desarrumado e a organizar uma desorganização aparente. Alternamos entre a casa de campo (a minha) e a casa da cidade (a do love) e, eu espreito-me a mim mesma em cada momento para perceber a hora e o momento em que vou ter aquele ataque de nervos . Cá por casa o Filho mais velho está de partida para a Polónia, a filha do meio já “cravou” os “all stars” ao avô e a filha mais nova continua a ter um sonho de vida diário, o coelho da afilhada morreu e a Amiga faz anos hoje.

 

Eu, continuo assim muito mãe, muito mulher mas sobretudo Eu mesma (cansadinha mas eu mesma)

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publicado por Marta às 17:09
Sexta-feira , 24 de Setembro DE 2010

...

A Fábrica desafiou para que continuasse uma das histórias da semana passada e eu peguei nesta (cumplicedotempo) e aqui está o resultado :

 

… Custou-me adormecer nessa noite. Sabem quando nos viramos e reviramos na cama sem que o sono venha? Sabem quando nos levantamos e vagueamos pela casa como se o procurássemos? Buscamos o sono enquanto caminhamos sem destino quando o caminho está afinal no nosso pensamento. E, o caminho era ele. Por muito que caminhasse e o chamasse o sono não vinha porque se escondia no rosto dele, no olhar dele, e nos minutos em que os nossos olhos se tinham cruzado nesse dia.

 

Por muito que tentasse aquele rosto moreno de olhos verdes acompanhava-me para todo o lado. “Não gosto de homens de olhos verdes” murmurava eu de mim para mim como se a convencer-me que nunca o mais voltaria a ver. O corpo musculado contrariava-me os olhos verdes. A postura segura e confiante contrariava-me todo e qualquer sentimento de recuo que pudesse sentir. Revi o sorriso tímido. Suspirei e pensei que me vencera sem ter sequer lutado por mim. Suspirei e senti-me, por momentos, ridícula de suspirar por alguém de quem não sabia nada nem sequer o nome. Depois lembrei-me e, desculpem-me o lugar comum, de um dia ter lido em qualquer lado que ridículos são os que nunca sentiram o amor. Corei com os meus próprios pensamentos.

 

 Desenganem-se os que estão a pensar num encadeamento erótico porque os meus pensamentos foram muito mais além. Aqueles minutos naquela sala fizeram com que, a partir daí, sonhasse com ele numa vida que também era minha. A nossa vida. Sonhei com ele, com os filhos que tivemos e com a casa onde vivíamos. Escrevi diálogos onde ele me fazia sentir uma princesa e onde eu lhe contava o quanto o amava. Escrevi um argumento onde a felicidade imperava e onde o verbo amar era uma constante.

 

 O rosto dele tornava-se cada vez mais familiar porque o revia dia a dia numa vida que sonhava e que se tornava cada vez mais perfeita. Demos risadas quando lhe contei tudo isso, ensaiei as palavras do reencontro para que nada falhasse e repeti as vezes necessárias para que nada falhasse e para que tudo fosse perfeito. Como perfeita era a nossa vida aquela que eu sonhava ter. Perdi a conta ás vezes que voltei aquela sala. Perdi a conta às vezes em que o procurei nos rostos desconhecidos que se cruzavam comigo na rua. Perdi a conta às vezes que o via sem o ver e o sentia sem sentir.

 

 Acreditam que consigo sentir-lhe o cheiro sempre que fecho os olhos e penso nele? Incrível a forma como a nossa mente se organiza, incrível como eu nos organizei. Perdi a conta ás vezes que o procurei mas nunca perdi a esperança de um dia o encontrar. Sei que um dia o vou encontrar, sei que um dia vamos ser felizes. Mais que saber sinto que um dia vamos ser um do outro porque já o sinto meu e já me sinto sua. Sei e sinto que também ele me procura. Acredito que estamos apenas desencontrados no tempo e no momento …

publicado por Marta às 16:38
Terça-feira , 21 de Setembro DE 2010

Noticias em Forma de Post

 

Hoje dia 21 de Setembro sei que o mundo continua a girar mas contrariamente ao que é normal não lhe tenho prestado muita atenção. Seja “lá fora” seja “cá dentro” a retenção de informação tem sido mínima porque o “cá por casa” tem-me ocupado o suficiente.

 

 

Cá por casa começamos a ver resultados e a encontrar novas soluções. O acampamento continua e deslocou-se para o que um dia foi uma sala. À ausência de móveis sobrepõe-se à quantidade de “coisas” (quantidade de objectos que nascem sempre que abrimos os armários e que nem nos lembrávamos que existiam) acumula-se por todo lado mas a minha paciência continua inalterada. O curso e a formação já começaram e a sensação de bem-estar está cada vez mais evidente. O tempo deixou de faltar e até tenho a sensação que se adapta à quantidade de actividades que tenho de desenvolver.

 

Continuo a passear vestida com roupas onde as etiquetas ficaram por ali esquecidas, a cumprimentar desconhecidos e a tentar lembrar-me dos que têm a certeza que me conhecem.

 

Entre a cidade e o campo, entre os filhos e os enteados, entre Ele e Eu fica a certeza que

 

Eu? Continuo assim , muito mãe, muito mulher mas sobretudo Eu mesma

publicado por Marta às 12:10
Sexta-feira , 17 de Setembro DE 2010

Irritantemente optimista ou optimista por convicção

 

 

Nascemos, vivemos e morremos. Certezas apenas que não escolhemos nascer, não escolhemos morrer mas podemos escolher a forma como vivemos.

 

Pais que geram filhos totalmente diferentes, ambientes iguais que resultam em pessoas diferentes, situações limites onde uns passam a prova e outros recusam-se a sequer tentar. Sobreviventes de vidas,  pessoas com vidas difíceis que andam felizes da vida e pessoas com vidas fáceis cujo semblante é pesado.

 

Na minha opinião é tudo não só uma questão de escolha mas principalmente de atitude. Na minha opinião é tudo não só uma questão de comodismo mas também de conformismo.

 

Eu escolho ser feliz. Eu escolho seguir em frente e pensar que vale a pena. Eu escolho acreditar que amanhã vai ser melhor, que vale a pena tentar, que vale a pena seguir em frente ou ter coragem para fazer inversão de marcha.

 

Eu escolho ser optimista perante uma vida que merece ser vivida eu escolho ser Irritantemente optimista ou optimista por convicção.

publicado por Marta às 00:05
Quinta-feira , 16 de Setembro DE 2010

Fora de Tempo

Não gosto de contabilidade, não gosto de fazer contas nem tão pouco de fazer medições. Sou mais de letras do que de números. Sou, sem sombra de duvidas, mais de sentimentos do que de pensamentos. Possível treinarmo-nos e educarmo-nos mas impossível lutarmos contra o que sentimos. Impossível contabilizar a quantidade de pessoas com quem me cruzei e que se cruzaram comigo, impossível contabilizar pessoas mas possível contabilizar o que me fizeram sentir. Impossível contabilizar momentos mas possível revivê-los e senti-los.

 

Existem pessoas que ficaram para a vida e existem aquelas que, como eu gosto de dizer, são pessoas para a vida mesmo que nunca mais as encontre.

 

Quando tomamos decisões importantes esquecemo-nos de nos preparar para elas e ainda bem que assim é porque se nos preparássemos há decisões que nunca tomaríamos. Os estilos de vida alteram-se e as rotinas também. As pessoas transformam-se e tu consequentemente vais amadurecendo de forma normal.

 

Nos primeiros momentos iludes-te, desiludes-te e por muito que vejas a luz ao fundo do túnel por vezes a viagem torna-se demasiado difícil. Traças objectivos mas não tens força para os atingires e acomodas-te sem perceberes que foi mesmo por isso que tomaste a decisão. Encontras-te pessoas certas fora de tempo e pessoas erradas para as quais deixas de ter tempo.

 

Caminhas sempre sem dúvidas e diariamente com mais certezas que estás onde queres estar. Mais tarde descobres que o tempo não só te ensina como te acalma. Cresces, amadureces e sentes-te feliz contigo mesma e a partir daí as coisas correm sobre rodas.

 

No fundo pensas como seria se mas acabas por ter a certeza que estavas não só fora de tempo como sem tempo. Depois, o coração aperta e o estômago retrai-se, recordas e sorris porque aquela pessoa para a vida fez com que te tornasses numa pessoa com vida.

publicado por Marta às 00:05
Quarta-feira , 15 de Setembro DE 2010

Com Engenho

A Fábrica de Histórias esta semana começou a história e as “ordens” são para a deixar em aberto:

 

Texto de Ficção escrito por Marta leal

 

"Reparei nela assim que entrou na sala de espera. Foi o som que primeiro me chamou a atenção, o estalar ritmado e seguro de saltos altos na cerâmica que cobria o chão. Ainda hoje, quando penso nisso, não consigo perceber como a ouvi chegar."

 

 

Fascinante a forma como fez que todas as cabeças se viraram enquanto caminhava. De repente, os olhares passaram a ter um denominador comum a inveja das mulheres versus o desejo dos homens. Era sempre assim. Habituei-me ás suas entradas triunfantes, aos seus piscares de olhos lançados de forma subversiva e aos seus olhares de desafio perante as que ousavam olhá-la fixamente. Nessa altura pensava que ainda estaria para nascer quem a faria desviar o olhar. Mudou tanta coisa desde esse dia. Ou, para ser mais exacto ela mudou tanto desde esse dia.

 

Não era uma mulher bonita, não era uma mulher vistosa era apenas uma mulher segura. Desenganem-se os que neste momento pensam que seria uma mulher fácil. De todo. Como ela orgulhosamente dizia “durmo com quem quero, quando quero e só porque não quero nada em troca”. Hoje decidira-se pelo vestido vermelho, justo e com decote generoso. Equilibrava-se nos saltos como se andasse descalça e o cabelo solto faziam com que os caracóis acompanhassem o movimento do andar. Não parecia ter a idade que tinha aliás era daquelas mulheres sem idade. Voluptuosa sem o ser, sedutora numa sensualidade estudada e provocadora natural.

 

Desenganem-se os que pensam que nos envolvemos. Nunca. No negócio da vida a regra é não nos envolvermos com os amigos no nosso negócio a regra era não nos envolvermos com o sócio. Duplamente impedidos de algo em que nunca pensámos sequer.

 

Noites de elaboração de planos alternavam-se com noites de desabafos sentidos por muito que não fizessem sentido. Palavras ditas com um olhar, frases feitas com um gesto. Cumplicidades estudadas nas experiências partilhadas. Risos sem planeamento contrastavam com seriedade de objectivos. Noitadas de diversão alternavam com noitadas de preparação.

 

Dizia-me frequentemente que podíamos ter sido criados na mesma casa ou nascer dos mesmos pais. Eu, na minha simplicidade contida, dizia-lhe que éramos farinha do mesmo saco. Apoiámo-nos no primeiro segundo e fomos amigos de e para a vida. Bonnie and Clyde numa versão portuguesa ou se preferirem uma espécie de Sherlock Holmes e Dr. Watson.

 

Mas já me estou a dispersar. Acontece-me sempre que falo dela e deste nosso passado em comum. Dizia eu que me continuava a impressionar a forma como ela chamava a atenção sempre que entrava numa sala. Tínhamos tudo combinado ela e eu, era sempre assim que operávamos. Eu, chegava sempre primeiro e deixava a sala compor-se, mandava-lhe mensagem e ela depois aparecia e sentava-se onde tínhamos planeado. Normalmente apenas suficientemente perto do nosso objectivo.

 

Nesse dia o olhar estava diferente. Eu, melhor que ninguém, devia não só ter reparado como ter suspendido tudo até ter percebido o que se passava. O meu instinto avisou-me mas eu estava demasiado concentrado para o ouvir. O tesouro era demasiado precioso para ser ignorado. Tínhamos discutido, pela primeira vez, uma semana antes. Eu interpretei a falta de paciência e o afastamento dela com o cansaço quando devia ter reparado mais no olhar. O olhar diz tudo e o olhar dela tinha mudado embora de forma ainda subtil, o que é um facto é que o olhar tinha mudado. O medo tinha-se instalado e na nossa profissão não há lugar nem para medos nem para hesitações.

 

Olhei-a quando se sentou e senti um arrepio, Vi medo num rosto onde até hoje só tinha visto certezas. Vi umas mãos que de repente deixaram de saber onde estar ou o que fazer e vi uma postura que até então me era desconhecida. Vi-a olhar sempre na mesma direcção quando devia olhar na direcção oposta. Mudei de lugar e sentei-me onde a pudesse observar melhor. De repente, senti o tapete a fugir-me de debaixo dos pés, a cabeça andou à roda e tenho de confessar que por momentos entrei em pânico.

 

Ela procurava-me com o olhar mas de onde estava não me conseguia ver. Mais tarde confessou-me que esteve tentada a sair a correr dali, mais tarde contou-me que já o tinha visto duas vezes perto de casa e que, por várias ocasiões, sentiu que era seguida. Confessou-me que não me tinha contado porque tínhamos combinado que era a ultima vez que fazíamos isto, que era o ultimo golpe e depois iríamos parar. Como se isso fosse possível. Dizíamos sempre isso mas a ambição era sempre maior que as promessas vãs que insistíamos fazer um ao outro.

 

Evidente que não só o fazíamos por dinheiro mas por puro prazer. Ainda hoje, daqui de onde vos escrevo, sinto falta dos dias em que planeávamos o golpe, da adrenalina crescente enquanto o plano se desenrolava e da sensação a vitória. Vitória nossa que significava sempre derrota de alguém. Lei da compensação meus caros leitores enquanto uns perdem outros ganham.

 

Hoje sei que devíamos ter parado. Falhámos no que nunca poderíamos ter falhado. Logo nós, que sempre partilhámos tudo esquecemo-nos de partilhar sensações que não entendíamos. Em vez de partilharmos falsas seguranças devíamos ter partilhado inseguranças verdadeiras.    

 

De repente, passou-se tudo muito depressa. Eles apareceram de todo o lado. Ela não teve qualquer hipótese de fuga e eu, contrariamente ao que tínhamos combinado, hesitei. Sabia que as regras eram sair dali o mais depressa possível, aproveitar a confusão e os chiliques da praxe e misturar-me com os outros. Misturar-me na inocência de outros para passar despercebido.

 

 

publicado por Marta às 11:58
Terça-feira , 14 de Setembro DE 2010

Noticias em Forma de Post

Hoje dia 14 de Setembro o mundo continua a girar e lá por fora Lady Gaga arrasa nos prémios MTV, a América prestou homenagem às vitimas do 11 de Setembro mas o que é um facto é que continua tudo na mesma. Presidente do real Madrid diz que Mourinho é o melhor e onze pessoas morrem em manifestações em caxemira.

 

Cá dentro o Queiroz foi, finalmente, despedido e a nossa selecção sofreu uma humilhação de cair para o lado,. O acórdão do processo Casa Pia foi finalmente posto a nu e consta que Cavaco Silva anda irritado com Edite Estrela. Os desempregados em Portugal quadruplicaram desde 1975 e Alexandra Lencastre volta ao teatro enquanto Margarida Prieto e Maria Elisa aproveitam e fazem compras.

 

 Cá por casa estou a pensar continuar assim para todo o sempre e passo a explicar: não preciso de arrastar os móveis porque não tenho móveis, não preciso de limpar o pó nem tão pouco procurar alguma coisa que possa ter rebolado para baixo dos mesmos. Cá por casa começámo-nos a ouvir melhor mais que não seja pelo eco que uma casa vazia pode fazer. Cá por casa continuo com fé que entre pedreiro, carpinteiro, pintor, electricista, senhor das janelas e senhor dos estores (não tenho a mais pequena ideia do que lhes possa chamar) me apareça uma daquelas esculturas que nos vendem nos filmes.

 

EU? Continuo assim muito mãe, muito mulher mas sobretudo Eu mesma

publicado por Marta às 00:01
Segunda-feira , 13 de Setembro DE 2010

EXTRA NOTICIAS EM FORMA DE POST

Aos 40+1 assistimos a um concerto como se tivessemos 20. Acabadinha de chegar do Pavilhão Atlântico e do concerto dos Supertramp so consigo dizer:

 

 

 absolutamente fantastico

 

 

publicado por Marta às 01:15
Domingo , 12 de Setembro DE 2010

Nevava em Paris

Texto de ficção escrito por Marta Leal para a Fábrica de Histórias

 

 

 

O som da água a correr misturava-se com o som da música ambiente. Os sentidos iam despertando um a um como se alguém lhes sussurrasse para o fazerem. Sentiu o cheiro a Outono misturado com o cheiro de corpos que passaram a noite a amar-se. Sorriu, virou-se e abraçou-se á almofada onde o cheiro a ele se tinha misturado com o cheiro dela. Gostava de sentir o seu corpo nu nos lençóis de seda.

 

Cantarolava baixinho enquanto era transportada para outros momentos e outros tempos. Outros tempos tão distantes em anos mas tão perto em sentimentos. Era a música deles e sempre seria. António jurara-lhe amor eterno numa eternidade que sabia ser efémera. Madalena fizera que acreditara ou talvez tivesse acreditado mesmo. O orgulho ou a desilusão nunca lhe tinha permitido reconhecer o contrário. Nem perante os outros nem mesmo no recanto dos seus pensamentos.

 

Estávamos no Outono do ano de 1998 e subia a rua do Carmo apressada. As botas castanhas dificultavam-lhe a vida e censurava-se por as ter calçado. Outros tempos outros modas e uma vontade de nunca deixar de as seguir. Os olhos deles cruzaram-se no momento em que chocaram um no outro. As desculpas transformaram-se em risos. Palavras veladas, gestos atrapalhados e despedidas contrariadas. Olhares de relance enquanto caminhavam em sentidos opostos.

 

- Lindo. Sabes? Alto cabelo grisalho uns olhos castanhos fantásticos e um cheiro que não consegui identificar.

 

Madalena descrevia António de forma entusiasta sem saber o que o destino lhe reservava.

 

Cruzaram-se mais uma vez, no mesmo sítio, à mesma hora noutro qualquer dia onde se procuravam sem admitir que o faziam. Os cabelos castanhos dela escondiam-se num gorro castanho, os olhos verdes brilharam mais do que o normal quando o viram, o coração disparara e as mãos tremiam-lhe. As iluminações de Natal já estavam colocadas, as montras apelavam ás compras e o cheiro a Lisboa reinava mais que nunca.

 

Paris, Londres, Amesterdão, Madrid, Praga e Barcelona foram cenários onde se aprenderam a amar e onde consolidaram o que era evidente. Eram um do outro com vontade de nunca o deixarem de ser.

 

Ele numa timidez atrevida ela num atrevimento tímido. Cantava-lhe ao ouvido sempre que podia, sussurrava-lhe o que sentia e abraçava-a como não existisse o amanhã.

 

- Amo-te para sempre mesmo que não dure para sempre – murmurou Madalena

 

- Que bela maneira de se acordar – disse-lhe Manuel - enquanto a beijava suavemente.

 

Madalena abriu os olhos, confusa. Tinha viajado no tempo e com o tempo. Rebolou na cama grande e tapou-se com a colcha castanha. O Quarto do Hotel era simples mas confortável. Viu dirigir-se ao espelho de parede, que estava em frente à cama, enquanto passava as mãos pelo cabelo .O cabelo louro dele começava a cair, o porte atlético a desaparecer mas os olhos falavam sem que a boca se mexesse. Sorriu-lhe. Amava-o não da mesma forma que tinha amado António mas amava-o. Se é certo que nunca se ama a mesma pessoa duas vezes mais certo é que nunca se ama da mesma forma duas pessoas diferentes.

 

- Eu acordo sempre bem disposta.

- Desde que não te contrarie minha querida.

 

Estamos, novamente, em Paris só que desta vez é Inverno. Viajavam sempre que podiam, encontravam-se nos gostos e realizavam-se nas vontades. Madalena gostava de confessar para si mesma que, na vida, viajava entre a calma de Manuel e a sua agitação constante que a fazia parecer inconstante.

 

- Esta musica é de quem?

- Elton Jonh “Something about the way you look tonight”

 

A última vez que a tinha ouvido fora António que a cantara para ela em plenos Champes Élysées numa noite onde um ano se despedia e outro se apresentava.. Ali estava ela escondida no seu sobretudo azul-escuro, que ainda guardava, o frio queimava-lhe o rosto e ele cantava-lhe. Cantava-lhe sem parar. Nos que passavam haviam olhares de espanto, sorrisos embevecidos e aplausos espontâneos. Nevava em Paris nessa noite.

 

- Amo-te para sempre mesmo que não dure para sempre – era sempre assim que se despedia e era sempre o que dizia na chegada.

 

Entre chegadas e partidas perderam-se algures numa qualquer estação da indiferença, do esquecimento ou mesmo da espontaneidade perdida. Entre canções e abraços esmoreceram-se vontades e forçaram-se presenças. Um dia embora se continuassem a amar não durou para sempre.

 

Rotinas fora da rotina, hábitos sem o serem e, imprevistos diários que a faziam sentir-se viva. Durante tempos sentiu falta dele ou talvez do que ele a fazia sentir.

 

De inicio estranhou a calma de Manuel especialmente na forma de a amar. Faltava-lhe a espontaneidade, a imprevisibilidade e a infantilidade a que se habituara. Deixou de comparar e permitiu-se voltar a amar.

 

- Há amores que nunca tem de ser vividos – concluiu Madalena

- Sim?

- Estava a pensar que existem amores que não tem de ser vividos – respondeu Madalena

- E o nosso? – perguntou Manuel com a calma que o caracterizava.

- Digamos que o nosso é um amor para a vida e com vida

 

Olhei e sorri. Aqueles dois eram um para o outro sem deixarem de ser eles próprios. Passaram 6 anos desde a primeira vez que se tinham conhecido. Sem previsões ou planeamentos, sem projectos ou caminhos traçados viveram como nunca tinham vivido.

 

Encontrei-me com eles já na rua. O hall do hotel estava demasiado povoado para o meu gosto. Neva, novamente, em Paris. Gosto do cheiro a Paris. Gosto do cheiro a cidade romântica. Gosto de os ver assim de mão dada a caminharem entusiasmados e com um ar de felicidade daqueles que se sentem.

 

- Demorámos muito?

- Não, eu é que sou impaciente.

 

Madalena passara pelo meu quarto para me contar que tinha acordado a pensar em António.

- Saudades?

- Mais certezas

- Certezas?

- Apenas de que existem amores que não tem mesmo de ser vividos.

- Talvez noutros tempos?

- Eu apostava mais noutras realidades.

 

publicado por Marta às 00:05

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