Mudanças
Porque existem momentos em que nos apetece fechar umas portas e abrir outras.
Porque existem momentos em que nos apetece fechar umas portas e abrir outras.
Conta-se que só digo o que penso mas a verdade é que penso mais o que não digo. Complicados os dois em um ou o um de dois. Gestos trocados, toques simulados, conversas trocadas e promessas veladas. Quero-te “prontos” já disse. Quero-te de uma forma diferente. Quero-te com sentido e para ser honesta quero-te sentir.
Gosto do som da chuva a bater no asfalto O cheiro a terra molhada transporta-me para outros tempos. As estrelas brincam ás escondidas entre as nuvens enquanto iluminam o meu passeio. Recordo-me do último desejo que pedi a uma estrela cadente “quero uma estrela só para mim”. Interessante aquilo que conseguimos apenas porque acreditamos. Caminho para onde quero ir mas a minha memória recua para onde quero estar. Memória, pensamento, vontade e dever.
Se pudesse trazia-te sempre comigo. Pensando bem, ultimamente, trago-te sempre comigo. Mas isso acabei por te confessar. Inexplicavelmente não me saias da mente mas hoje não me sais do corpo. Trago-te na pele, no cheiro e no desejo. Na pele, retenho o toque suave. Gostei da forma do teu toque. Acho que não te cheguei a dizer isso. Gosto da forma como me pedes para ser tua. Entre sussurros teus que se confundem com gemidos meus. Gosto como nos encontramos nos beijos e nos fundimos nos abraços. Tremenda a dificuldade em deixar-te, fascinante o que me fazes sentir.
Sempre gostei do ar frio das noites de Inverno. Enquanto caminho ouço as vozes de quem habita nas casas pelas quais vou passando. Numas casas grita-se, noutras fala-se e noutras ouvem-se risos. Uso da minha criatividade para imaginar o que se passa nesta ou naquela. Ouço ao fundo lengas lengas de crianças e na minha imaginação começa a ecoar “pico-pico saranico quem te deu tamanho bico”. Recordo a tia e as horas que passámos juntas a repetir as mesmas palavras. Recordo o tio e a tia e a paixão que os uniu. Foram eles que me fizeram acreditar no amor. Agradáveis estes dias em que a chuva cai de forma ritmada.
Salto de pensamento em pensamento mas invariavelmente volto a ti e ao que me fizeste sentir. Ao olhar a cama vazia desejo que estejas ali ao meu lado. Apetece-me um abraço forte, um beijo mimado e um sentir dos teus. Suspiro de saudade imensa e de uma vontade que ficou suspensa no tempo. O tempo só o tempo …
Adormeço nos teus braços porque me cansei do Morfeu. Alinho a minha respiração á tua entrelaço os teus dedos nos meus e enquanto vejo o teu sorriso apetece-me dizer:
PS: Um dia sou capaz de me apaixonar por ti!!!!
Marta
Texto de ficção escrito há uns meses, e já publicado, para a Fábrica de Histórias
Escreve, se puderes, coisas que sejam tão improváveis como um sonho, tão absurdas como a lua-de-mel de um gafanhoto e tão verdadeiras como o simples coração de uma criança (Ernest Hemingway)
Acalma-se a mente com objectivos definidos. Alinho-me com quem sou e apetece-me brincar com as letras. Sinto falta da dança de palavras numa composição constante. Gosto das histórias que se confundem na minha história. Gosto das personagens que se confundem em mim. Sinto falta do prazer que tenho quando termino aquilo que as emoções me fazem escrever. Perdoem-me os mais presentes de uma ausência prolongada.
Reparo que o tempo passa sem qualquer impedimento. É assim que me apetece viver…sem qualquer impedimento. Procura-se demasiado sentido no que que se devia sentir. Procuram-se demasiadas certezas naquilo que nunca poderá ser certo. Sinto borboletas no estomago, causa de vontades veladas!