O que mudou em 15 anos

Quando começo a escrever só sinto dificuldade na primeira frase ou na forma como devo ou não iniciar um texto. Hoje não foi diferente depois pensei “podia começar por dar os parabéns ao sapo depois os parabéns à equipa e depois afirmar, cheia de certezas, que aos 40 o sapo fez a diferença”.

 

Assim em ritmo acelerado recordo-me, por muito estranho que isso possa parecer, de ter uma cadeira de iniciação á informática no último ano do curso, recordo-me de ter trabalhado em lotus123 e em ms-dos, recordo-me de ecrans a preto e branco e a sensação estranha de trabalhar com um rato. A primeira vez que naveguei na Internet (há uns 12 anos) senti-me a pessoa mais importante do mundo porque, aquilo, só era para alguns. Os monitores emagreceram e os computadores passaram a caber-me na mala.

 

Assim num abrir e fechar de olhos a minha aparelhagem passou a caber-me no bolso das calças, as disquetes deixaram de ter qualquer utilidade, e os vhs passaram à historia (já vos disse que conheci os Beta?. Assim de repente o meu Siemens tamanho família transformou-se num objecto tão pequeno que a dificuldade em encontrá-lo sempre que toca é real. Assim num abrir e fechar de olhos passei a poupar um dinheirão em revelações de rolos que tinham quase sempre fotografias mal tiradas e passei a ter um arquivo digital invejável.

 

A minha televisão fez dieta e o clube de vídeo transferiu-se lá para casa. O ir á casa de banho só no intervalo passou a ser um mito histórico e espero a qualquer momento que os meus electrodomésticos ganhem vida própria.

 

Quase sem dar por isso deixei de escrever cartas e passei a escrever mails, deixei de perder contacto com aqueles que se mudam para longe e continuei a ter conversas entre lá e cá como se estivéssemos aqui. Quase sem dar por isso comecei a “conhecer” pessoas que vivem no outro lado do mundo, comecei a ter informação que nunca pensei ser possível e a adquirir informação detalhada sobre assuntos que me interessam. Quase sem dar por isso já começo a ter dificuldade em pegar numa caneta e instintivamente procuro o teclado mais próximo.

 

Na casa dos 40 posso afirmar que o sapo passou a ser a gaveta lá de casa. É no blog que escrevo o que me vai na alma, o que me apetece ou mesmo o que me sugerem. Foi no Blog que ganhei confiança no que escrevia e que deixei de ter vergonha de o mostrar. Foi no blog que conheci pessoas que hoje são importantes e que já não me imagino sem.

 

Na casa dos 40 posso afirmar que eu que sempre acreditei em príncipes um dia encontrei um sapo que tem dias me faz sentir rainha.

publicado por Marta às 11:42