No tempo das Cavernas
Nos tempos das cavernas era-mos parcos em meios e necessidades mas ricos em instintos e sentimentos de pertença a um grupo. Incrível como nos uníamos em prole de um fim comum e da certeza de que a preservação da espécie assim o exigia.
Hoje somos ricos em necessidades prementes, pobres em instintos e perdemos completamente o sentimento de pertença a um grupo. Hoje é um vale tudo pela sobrevivência social que nos esquecemos da sobrevivência emocional. Hoje vive-se um driblar de interesses, princípios e valores onde o objectivo ultimo é o eu sem que nos preocupemos com o outro. Porque o outro não interessa afinal de contas temos direitos é ou não é verdade?. Não interessam compromissos assumidos, objectivos traçados ou mesmo palavras dadas o que interessa é o Eu dê por onde der.
Isto leva-me a equacionar se não tinha preferido viver no tempo das cavernas. Pensando bem não me tinha de preocupar em lavar roupa, em acompanhar a moda, ou de me aguentar em cima daqueles saltos só porque se usa. Também não me tinha de preocupar em pagar as prestações, escolher escolas, marcar cabeleireiro e ficar horas no trânsito . Não tinha de me preocupar com relações de mais ou menos confiança, com ilusões ou desilusões, com supostos ou pressupostos, com traumas ou ideias pré concebidas.
Se acrescentarmos a tudo isto o facto de que no tempo das cavernas tinhamos de confiar nos que nos eram proximos porque a nossa vida dependia deles .. digam lá se eles não eram muito mais que nós?