Dança
Preguiça o corpo num leito desfeito. Fascinante, os primeiros minutos de um despertar de sonho. Preguiça o corpo e espreguiça-se a alma. Interessante, os primeiros pensamentos. Flashes de quem gosta, sorrisos e suspiros mais ou menos fundos. Lembranças de um ontem que lhe alegram um hoje. Carinho sempre com muito carinho.
Balanço o corpo. Apetece-me levantar e dançar. Não o faço apenas porque é complicado escrever enquanto danço. Prefiro deixar que o alfabeto convide as vogais para um balançar de corpos a dois. Dancem as letras enquanto o meu corpo se limita a observar. Que comece a dança de palavras ao ritmo de pensamentos soltos.
Soltam-se os números num desafio às letras. Fazem-se médias e somatórios. Juntam-se à dança parágrafos soltos, somas sentidas e divisões de vida. Multiplicam-se passos mais ou menos alinhados. Diminuem-se medos e equacionam-se ritmos mais ou menos complicados. Avançam as interrogações e os pontos finais. Correm os parênteses, as vírgulas e as exclamações. Formam-se as filas dos acentos perfeitos. Agora sim. O bailado está completo.
Reconhece-se nos elogios matinais e nas gargalhadas sentidas. Sente-se no jogo de palavras e diverte-se na timidez atrevida. Soltam-se vontades pensadas e desejos velados. Pensa-se em segredo e revela-se no silêncio. Quer um todo que não seja a mera soma das partes. Quer uma parte que não seja um mero acaso de vida.
PS: Finalmente aprendi o verdadeiro significado do não