Abri o Livro

Abri o livro da história da minha vida. Recordei infâncias felizes, disparates de crianças, animais de estimação, brincadeiras de princesas, e brincadeiras de um futuro longínquo hoje tão real. Sorri perante as hesitações, as escolhas então consideradas difíceis. Lembrei-me de rostos, equacionei que caminhos tomariam tomado e deixei-me ali ficar a recordar o que um dia fui ou com toda a certeza o que um dia decidi ser.

 

Hesitei perante capítulo onde me perdi em sentimentos ambíguos. Onde o certo e o errado se misturaram numa necessidade premente de sobrevivência. Onde o castelo na areia se desfez perante uma onda de emoções. Não sabia que tinha feito história nessa altura, não sabia sequer que tinha existido nesse momento. Para ser sincera não senti que vivi senti apenas que me perdi em dúvidas, mentiras, certezas e incertezas, dificuldades, dor e dúvidas muitas dúvidas. Houve momentos em que preferia ter um qualquer corrector que apagasse tudo e depois fingia que nada tinha acontecido. Este é o momento em que tenho a certeza de que esse capítulo é igual aos outros anteriores e aos que ainda vou escrever.

 

Avancei para o capítulo do presente e gosto do que leio. Gosto dos planos, das decisões das vontades e sobretudo das verdades. Gosto de poder ser quem sou sem ter de me disfarçar do que querem que seja. Gosto de dizer o que penso sem medo de ser julgada. Gosto de fazer planos sem ser condicionada.

 

Gosto apenas de saber que sou porque um dia decidi ser e estou onde um dia decidi estar.

 

publicado por Marta às 00:01