“Não tenho destino tenho apenas um caminho que quero fazer

No mundo da escrita existem textos que gostámos mais do que outros. Nuns colocamos sorrisos, desejos e sonhos noutros enxugamos lágrimas, traçamos objectivos e espiamos fantasmas. Ficam as memórias do porquê dos termos escrito, das emoções que sentimos e da sensação de trabalho feito ao terminarmos. De tudo o que tenho escrito este é, sem sombra de duvida,  um dos meus textos preferidos. Vontade de voltar ao areal? Apenas para escrever na areia o quanto estou feliz, confidenciar ao mar que tomei a decisão certa e deixar-me , apenas, abraçar pela brisa.

 

 

"Lembraste do dia em que te disse que me sentia como tivesse morrido na praia? Lembras-te de como me senti ao ter que dar as últimas braçadas sozinha até alcançar a areia? Nesse dia tinha chegado à final do 1º desafio e não tive com quem comemorar. Nesse dia em vez de festejar uma vitória limitei-me a chorar a solidão. Em vez de me sentir uma sobrevivente senti-me derrotada simplesmente porque olhei para o lado e não estavas lá.

 

Não quero ser injusta contigo, não esqueci os momentos em que não me apetecia dar nem mais uma braçada e tu me incentivaste, não esqueci os momentos em que parei e foste tu que me deste força para continuar, não esqueci as vezes que me agarraste e me ajudas-te a nadar contra a maré, não esqueci as lutas que travamos juntos contra o mar revolto. Lembraste? Claro que sim nem sei porque o pergunto.

 

Foi uma viagem que era minha mas que tu até certo momento fizeste questão que se tornasse tua. Percebo agora que tenho estado sentada nessa praia sem dar valor ao que conquistei. Percebo agora que fiquei ali a incentivar, apoiar e a ouvir os que chegavam nas mesmas condições do que eu. Todos eles seguiram para as etapas seguintes e eu deixei-me ficar porque não queria continuar sem ti. Deixei-me ficar sem perceber que ficava. Achava que o passear pelo areal me bastava . Percebo agora que fiquei à tua espera não porque mo pediste mas porque era isso que eu queria fazer.

 

Perdi a conta das vezes que me visitaste mas ao contrário do que eu sonhava nunca ficaste. Pensei sempre que não ficavas porque não podias mas hoje sei que não ficaste porque não querias. Nas nossas idades já só não podemos o que não queremos não é verdade? As nossas vidas separam-se neste momento. É hoje que inicio o resto da minha caminhada. .

 

Vou sozinha consciente de que é assim que o tenho de fazer. Agora sei que esperei o tempo necessário para me recompor de um passado e poder caminhar consciente de um presente real com esperança no futuro que sonho vir a ter. Sei que nunca me vais ler porque escrevo-te no areal que um dia me acolheu. O mar vai-me servir de borracha assim que me afaste. Tenho como companhia o vento mas esse prometeu-me guardar segredo do que te escrevi e de todas as confidências que lhe fiz. Ao fundo, o sol nasce para se despedir, acenando-me como a incentivar-me. A única bagagem que levo está no meu coração e na minha vontade. Neste momento é tudo o que preciso, neste momento é tudo o que quero. Olho mais uma vez para trás, recordo momentos, recordo palavras mas o que quero reter é este cenário que me apazigua e que me incentiva a iniciar a minha caminhada. Sinto saudades antes de partir mas sei que é aqui que vou voltar sempre que a minha imaginação mo permitir.

 

Não tenho destino tenho apenas um caminho que pretendo fazer."

 

Texto de ficção escrito por mim em 3 de Agosto de 2009

publicado por Marta às 10:24